segunda-feira, 20 de outubro de 2008

pequenas coisas que enervam muito #3

  • reggae (no geral...).

1172 km


e ela disse:
10 horas e 45 minutos no carro... tenho que sacar o carnet.

the anniversary party (2001)


realização:
alan cumming
jennifer jason leigh
argumento:
alan cumming
jennifer jason leigh
fotografia:
john bailey
montagem:
carol littleton
suzanne spangler
música:
michael penn
com:
alan cumming
jennifer jason leigh
norizzela monterroso
john benjamin hickey
parker posey
phoebe cates
kevin kline
owen kline
greta kline
denis o'hare
mina badie
jane adams
john c. reilly
jennifer beals
matt malloy
mary lynn rajskub
michael panes
gwyneth paltrow
sadie frost
e
otis (o cão)

domingo, 19 de outubro de 2008

ask me to pray for rain (or talk about our endless numbered days)

pierrot le fou (1965)


realização:
jean-luc godard
argumento:
jean-luc godard (a partir do romance «obsession» de lionel white)
fotografia:
raoul coutard
edição:
françoise collin
música:
antoine duhamel
com:
jean-paul belmondo
anna karina
graziella galvani
samuel fuller
georges staquet
raymond devos

daqueles que soçobram...


a pesar. apesar de tudo. no fundo no fundo, quando é que começa? porquê? onde é que está o que falha?

as coisas que o meu frigorífico diz #6


estou a construir o meu mapa

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

sim, tudo bem. mas faças o que fizeres...


talkin' shit about a pretty sunset



and then he said:
in this quiet little place you run your fingers through my hair and whisper "hey".

(and no matter how i try i can't seem to think of anything better to say...)

casablanca (1942)


realização:
michael curtiz
argumento:
howard koch
julius j. epstein
philip g. epstein
fotografia:
arthur edeson
música:
max steiner
com:
humphrey bogart
ingrid bergman
paul henreid
claude rains
conrad veidt
peter lorre

paris, texas (1984)


realização:
wim wenders
argumento:
sam shepard
(adaptado por l.m. kit carson)
fotografia:
robby müller
edição:
peter przygodda
música:
ry cooder
com:
harry dean stanton
nastassja kinski
dean stockwell
aurore clement
hunter carson

film (insomniacs talking about sleep)

para mim e para a sofia

film inverted picturesque scenes
film on a cargo ship
film without interest
film without a beginning
film a wall being built
film a scene in a private jet
film without thinking
film a large chain being fabricated
film in prohibited areas
film unlikely events
film for five second every ten minutes
film with as little movement as possible
film in a mine deep below the surface
film what things were like last year
film across the surface of a floor in detail
film things that are hard to explain
film circumstances beyond control
film people sucking their fingers
film someone hammering on a door relentlessly
film exhausted forms
film peolpe falling
film wherever it feels good to film
film hovering or floating objects
film sleepwalkers
film things that hum or vibrate
film heartache
film in a forgotten place
film the most haunting thing
film the emptyness
film sedentary/nomadic contrasts
film every surface within a given radius
film quicksand
film artificial paradises
film disused routes
film rocks being thrown
film things tipping over the edge
film strangers
film temporary buildings/structures
film signs
film empty stages in great detail
film using only a torch as lighting
film domestic interactions in the desert
film tunnels being cut through rock
film insomniacs talking about sleep
film gas escaping
film a discussion about the future
film one liquid dispersing into another
film a meeting about the truth
film confiscated weapons
film intimacy
film one thing being moved from place to place
film the time of day
film what there is left over
film the re-surfacing of roads
film things done when alone
film abstinence
film up in the hills
film a grave being dug
film machines making more machines
film extreme effort or conditions
film someone in an unassailable position
film something deeply personal
film melancholic situations
film rain in twenty different countries
film dark corners
film flatness
film people running away
film a bad joke
film prototypes being tested
film a dead end
film with wolves
film passports being inspected
film people accusing others
film traps being laid
film the way out of a complex maze
film people getting dressed
film the evaporation of an idea
film friends meeting enemies
film pointlessness
film lazily and without aim
film when drunk
film people returning after a long absence
film status
ilm windows being broken
film abuse in a tender way
film in a dark, gloomy, suicidal way
film fragility
film chasms


graham gussin

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

i love jelly beans (i ain't gonna play any other way)


pequenas coisas que enervam muito #2

  • pessoas a tentar falar ao telemóvel dentro de elevadores.

o mistério das palavras que um dia quiseram dizer alguma coisa


carta sem destinatário descoberta por ela numa caixa de sapatos esquecida dentro do armário do quarto.

sabes, amor, (e chamo-te amor, sim. não porque o sinta ou te sinta ou isso tenha sequer um valor, mas porque quando digo o teu nome – e disse-o muitas vezes – ele ressoa em mim vago e distante e, por momentos, é como se não o conhecesse, como se fosse o nome de um estranho, de alguém que me foi apresentado por um amigo de um amigo que se cruzou comigo ontem ou anteontem ou antes disso e não deixou nada, que é o que os amigos dos amigos costumam deixar. não me esforcei para que assim fosse. aconteceu. e isso faz-me pena, acredita.) lembrei-me hoje, não sei porquê, de um tio meu.

os meus pais tinham um pequeno T2 na nazaré onde costumávamos passar os fins de semana de bom tempo e esse meu tio costumava ir lá de visita. ele e o meu pai passavam as tardes sentados na sala minúscula a discutir o mundo e o silêncio, e eu, por algum motivo que agora me escapa, sentava-me com eles.
não devia ter mais de sete anos... sim, não podia ter mais de sete anos...

é uma memória quente, amor, (desculpa, já falámos disto) a do meu pai sentado no seu cadeirão gasto, com o cinzeiro de pé ao lado (um africano escanzelado semi-despido a segurar um alguidar acima da cabeça) e a cigarrilha com aquele cheiro enjoativo sempre acesa na mão direita. o meu tio sentava-se no sofá em frente. “senta-te aqui comigo, rapaz” era o que ele dizia, e batia a mão aberta na almofada. eu (porque era obediente, lembro-me agora) sentava-me.

e aqui entra a razão de tudo isto. a razão (só pode ser esta) pela qual este meu tio em que nunca penso me assolou hoje sem que o consiga sacudir.
é que este meu tio tinha o hábito de passar essas horas de conversa a comer rebuçados. e eu, tão perto que estava dele, conseguía ouvi-lo (e ele sabia) a desembrulhá-los dentro do bolso do casaco, conseguía ver (ele sabia que eu conseguía ver) os seus dedos atarefados a esticar o papel plástico por detrás da fazenda e, sobretudo, sentia o hálito frutado da sua boca sempre que ele expirava na minha direcção.

nunca me deu nenhum.

e eu, criança, ficava ali. à espera de ser presenteado com um (bastava um) rebuçado que nunca chegava. dias e dias de “ontem esqueceu-se, hoje é que é”.

foi (acho eu) o meu primeiro encontro com a crueldade.

não sei porque é que me lembrei disto, nem sei até que ponto isto é uma memória fiel do que realmente acontecia. porque (sei agora) nós enchemos os espaços vazios da memória com aquilo que gostávamos de ter guardado. e mesmo as coisas que recordo (cada vez menos) de nós (as tardes em frente ao rio em que eu dormia o que não dormia em casa, as viagens de autocarro nos bancos de trás, os fins de semana em mira, o ajudar as tuas irmãs a fazer os trabalhos de casa, os últimos pisos de prédios quase abandonados, a tristeza sempre presente dos olhos da tua mãe, o pensar em fugir, as noites de descoberta, e o pouco que faz sentido depois disso) estão inundadas de cores que nunca tiveram, de frases que nunca disseste (por eu não saber ouvir e por não saberes como dizê-las), de coisas que nunca chegaram a ser feitas e de sentimentos que só existiam por não os sabermos nomear.

custa muito subtrair tanto. mas tudo isto se subtrai sozinho. sem o mínimo esforço daquele que fica a perder.

de qualquer forma, este meu tio morreu há muito.
eu cresci.
e agora, amor, como os rebuçados que quero.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

press play (isto também é sobre teatro)


"pausa. tirando sai, e outras assim curtas que pedem muito pouco, pausa é a didascália mais vulgar, mais impessoal e mais vazia (cheia de possibilidade, para um actor) da escrita teatral do nosso tempo. às vezes, é um fio de prumo num poço."

in

drama pessoal


(assim como assim, fernando, pausar não é parar. é interromper. ganhar força para continuar. quer dizer... eu, pelo menos, assim o espero... )

pequenas coisas que enervam muito #1

  • pessoas que acabam todas as frases com "não é?".

as coisas que o meu frigorífico diz #5

sábado, 4 de outubro de 2008

mãe, eu assim não aguento...

soube ontem que
(na era dos magalhães, do hd, da internet portátil, do aquecimento global, das low cost, dos aeroportos milionários, do tgv e dos escudos anti-missíl, na era da europa unida, das o.n.g., do pingo doce online, das galas da ficção nacional, do futebol multi-câmeras, dos meo e dos teo, do prós e contras e da sociedade civil, na era das águas com sabor a limão, melão e coirão, do liofilizado, da gellyjá, dos legumes ao vapor feitos no microondas, do tudo por quase nada, das igualdades, dos presidentes pretos e dos vices gajas, do euro-milhões, do mysapce, do youtube, do hi5 e dos gajos sem colhões, na era da liberalização do aborto, das drogas leves e do casamento entre homossexuais, na era de bruxelas, de haia e dos g8, na era em que a u.e. se confunde com o b.c.e., na era do viver por viver, do comer-beber-dançar-foder, dos telemoveis com canais de televisão, dos transplantes de tudo, do choque tecnológico, das transfusões, fusões, globalizações e privatizações, na era das sondas em marte, do turismo no espaço, das franshises, da ONU, do terrorismo nacional, internacional, global, ambiental, industrial e emocional, na era do já visto, do já feito, do luxo, do lixo e do excesso)
uma senhora de 90 anos foi encontrada em viana do castelo a viver num contentor.
sim, a senhora maria augusta tem 90 anos e viveu 20 anos dentro de um contentor .
porque depois de trabalhar durante 50 anos, a senhora maria augusta reformou-se a receber 15 euros por mês.
quando agora lhe disseram que ia receber uma casa, ela respondeu
«é como se me tivesse saído o totoloto».
sim, foi exactamente isto que ela respondeu
«é como se me tivesse saído o totoloto».
mais nada.