segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

perdi


I've lost my notebook.
I've lost a poem.

It was a great one.
It was eleven pages long.

It was about my father saying he couldn't hear me.
It was about the X I cut into the back of my hand.

It was about seeing yet another friend on heroin.
It was about that little boy kicking that bird to death.

It was about the four leaf clover someone sent me.
It was about the time I could not stop sleeping.

It was about mailing anonymous hate letters.
It was about finding bruises all over my legs.

It was about the bartender who wouldn't let me pay.
It was about trying to find the cool spot on the pillow.

It was about the lipstick I stole from a girl's medicine cabinet.
It was about seeing my favorite poet shake when she gave a reading.

It was about the tape I ripped out of someone's answering machine.
It was about the friend who banged on my door and I did not let her in.

It was about watching MTV after school and wondering if I'd look like that when i grow up.
It was about my mother lying on the kitchen floor and the dog licking her face.

It was about what happened when I forgot how much Milk my boyfriend liked in his coffee.
It was about the time I read someone's diary and ripped out the pages about me.

It was about going to the bus station and not knowing where I was going.
It was about coming in late from a movie and kissing through the credits.

It was about the car I could not drive.
It was about my party when no one came.

It was about the last time you touched me.
It was about the way you walked away.

It was the best thing I've ever written.
It was everything I wanted to say.

I've lost my notebook.
I've lost a poem.


Lost de Nicole Blackman

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

memória



no verão de 2006 fechei-me na dispensa de um amigo e gravei isto. 
tinha 22 anos.
(o original pertence aos belgas dEUS)



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

eu matarei monstros por ti



"qualquer dia matriculo-me em letras (...). agora que a universidade está em crise e a pátria está em crise...

o que eu preciso é de uma crise que esteja comigo."    

Elisa in Casas Pardas de Maria Velho da Costa


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

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I’m a tranquilizer.
I’m effective at home.
I work in the office.


I can take exams
on the witness stand.
I mend broken cups with care.
All you have to do is take me,
let me melt beneath your tongue,
just gulp me
with a glass of water.

I know how to handle misfortune,
how to take bad news.
I can minimize injustice,
lighten up God’s absence,
or pick the widow’s veil that suits your face.
What are you waiting for—
have faith in my chemical compassion.

You’re still a young man/woman.
It’s not too late to learn how to unwind.
Who said
you have to take it on the chin?

Let me have your abyss.
I’ll cushion it with sleep.
You’ll thank me for giving you
four paws to fall on.

Sell me your soul.
There are no other takers.

There is no other devil anymore. 






Wislawa Szymborska




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

vice-versa



Tenho medo de ver-te

necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te

tenho vontade de encontrar-te


preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te

tenho urgência de ouvir-te

alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te

ou seja


resumindo
estou fodido
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.



Mario Benedetti





quinta-feira, 25 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

reparaste como o Outono este ano veio por outro lado, como se fosse pelo lado de dentro?




era preciso mais do que silêncio, 
era preciso pelo menos uma grande gritaria, 
uma crise de nervos, um incêndio, 
portas a bater, correrias. 
mas ficaste calada, 
apetecia-te chorar mas primeiro tinhas que arranjar o cabelo, 
perguntaste-me as horas, eram 3 da tarde, 
já não me lembro de que dia, talvez de um dia 
em que era eu quem morria, 
um dia que começara mal, tinha deixado 
as chaves na fechadura do lado de dentro da porta, 
e agora ali estavas tu, morta (morta como se 
estivesses morta!), olhando-me em silêncio estendida no asfalto, 
e ninguém perguntava nada e ninguém falava alto.

Manuel António Pina in atropelamento e fuga (2001) 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

coisas




Está tudo bem, mãe,
estou só a esvair-me em sangue,
o sangue vai e vem,
tenho muito sangue.

Não tenho é paciência,
nem tempo que baste
(nem espaço, deixaste-me
pouco espaço para tanta existência).

Lembranças a menos
faziam-me bem,
e esquecimento também
e sangue e água a menos.

Que não se perturbe
nem intimide
o teu coração,
estou só a morrer em vão.

Manuel António Pina

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012