quinta-feira, 23 de abril de 2009

doris day could never make me cheer up quite the way those french girls always could



jean seberg: et puisque je suis mechante avec toi c'est la preuve que je ne
suis pas amoureuse de toi.
jean paul belmondo: on dit qu'il n'y a pas d'amour heureux.
jean seberg: si je t'aimais... oh c'est trop complicé...
jean paul belmondo: au contraire, il n'y a pas d'amour malheureux.
jean seberg: je veux que les gens s'occupant pas de moi et puis je suis
independente. peut etre que tu m'aimes?
jean paul belmondo: c'est ce que lu crois, mais tu ne l'ai pas.
jean seberg: c'est pour ca que je t'ai denonce.
jean paul belmondo: je te suis superieur.
jean seberg: maintenant tu es force de partir.
jean paul belmondo: tu es single, c'est lamentable comme raisonnment
.

in
"à bout de souffle"
de jean-luc godard


quinta-feira, 16 de abril de 2009

i say potato



- não deixamos nada por fazer.
- ainda nos falta fazer tudo.
- you say potato...


sábado, 4 de abril de 2009

as histórias quando se percebem é porque foram mal contadas

o mendigo: sou louco.
baal: saúde. já nos conhecemos. eu sou saudável.
o mendigo: eu conheci um homem que também dizia que era saudável. dizia. tinha vindo de uma floresta e uma vez voltou lá porque precisava de reflectir um pouco. achou a floresta completamente estranha e sentiu-se como se não tivesse vindo de lá. andou muitos dias, muitos dias sempre solitário porque queria ver até que ponto seria capaz de aguentar. mas já não era muito.
baal: que vento!
o mendigo: sim, o vento. numa noite, quase ao amanhecer, quando ele já não se sentia tão sozinho, foi andando através do enorme silêncio pelas árvores, e foi-se pôr debaixo de uma delas, que era muito grande.
bolleboll: foi o macaco que havia dentro dele.
o mendigo: sim, talvez o macaco. encostou-se a ela, muito junto, sentiu a vida em si, ou julgou senti-la, e disse: tu és mais alta do que eu e estás bem presa e conheces a terra bem até ao fundo e ela segura-te. eu posso correr e mexo-me melhor, mas não estou preso a nada e não posso descer até ao fundo. nada me segura.
gougou: o que disse a árvore?
o mendigo: o vento soprava. pela árvore correu uma tremura que o homem sentiu. então atirou-se para o chão, abraçou as raízes duras e selvagens e chorou amargamente. mas fez isto com muitas árvores.
ekart: e curou-se?
o mendigo: não. mas morreu mais aliviado.
maja: não percebo isso.
o mendigo: não percebemos nada. mas sentimos muitas coisas.


in baal
de bertolt brecht