quinta-feira, 25 de outubro de 2012
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
reparaste como o Outono este ano veio por outro lado, como se fosse pelo lado de dentro?
sábado, 22 de setembro de 2012
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
sábado, 8 de setembro de 2012
coisas
estou só a esvair-me em sangue,
o sangue vai e vem,
tenho muito sangue.
domingo, 22 de abril de 2012
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
domingo, 25 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
eu como um lugar mal situado

Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados
Por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
Do lugar
....
Homens que são como projectos de casas
Em suas varandas inclinadas para o mundo
Homens nas varandas voltadas para a velhice
Muito danificados pelas intempéries
Homens cheios de vasilhas esperando a chuva
Parados à espera
De um companheiro possível para o diálogo interior
Homens muito voltados para um modo de ver
Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro
De si mesmo
Homens tão impreparados tão desprevenidos
Para se receber
Homens à chuva com as mãos nos olhos
Imaginando relâmpagos
Homens abrindo lume
Para enxugar o rosto para fechar os olhos
Tão impreparados tão desprevenidos
Tão confusos à espera de um sistema solar
Onde seja possível uma sombra maior
...
Não levantemos os homens que se sentam à saída
Porque se movem em seus carreiros interiores
Equilibram com dificuldade uma ideia
Qualquer coisa muito nítida, semelhante
A uma folha vazia
E põem ninhos nas árvores para se libertarem
Da gaiola terrível, invisível muitas vezes
De tão dura
Não nos aproximemos dos homens que põem as mãos nas grades
Que encostam a cabeça aos ferros
Sem outras mãos onde agarrar as mãos
Sem outra cabeça onde encostar o coração
Não lhes toquemos senão com os materiais secretos
Do amor.
Não lhes peçamos para entrar
Porque a sua força é para fora e a sua espera
É a fé inabalável no mistério que inclina
Os homens por dentro
Não os levantemos
Nem nos sentemos ao lado deles.
Sentemo-nos
No lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos
A qualquer instante
Daniel Faria, “HOMENS QUE SÃO COMO LUGARES MAL SITUADOS”, 1998
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
pequeno-almoço em Beirut

German Phenomenology Makes Me
Want to Strip and Run through North London
Page seven - I’ve had enough of Being and Time
and of clothing. Many streakers seek quieter locations
and Marlborough Road’s unreasonably quiet tonight.
If it were winter I’d be intellectual, but it’s Tuesday
and I’d rather be outside, naked, than learned -
rather lap the tarmac escarpment of Archway Roundabout
wearing only a rucksack. It might come in useful.
I can’t take any more of Heidegger’s Dasein-diction,
I say as I jettison my slippers.
When I speak of my ambition
it is not to be a Doctor of Letters
or to marry Friedrich Nietzsche, it turns out,
or to think better.
It is to give up this fashion for dressing.
It is to drop my robe on the communal stairs
and open the front door onto the commuter hour,
my neighbour, his Labrador, and say nothing
of what I know or do not know, except what my body announces.
Heather Phillipson
poema roubado ao Faber new poets 3, Faber & Faber