quarta-feira, 14 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

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I’m a tranquilizer.
I’m effective at home.
I work in the office.


I can take exams
on the witness stand.
I mend broken cups with care.
All you have to do is take me,
let me melt beneath your tongue,
just gulp me
with a glass of water.

I know how to handle misfortune,
how to take bad news.
I can minimize injustice,
lighten up God’s absence,
or pick the widow’s veil that suits your face.
What are you waiting for—
have faith in my chemical compassion.

You’re still a young man/woman.
It’s not too late to learn how to unwind.
Who said
you have to take it on the chin?

Let me have your abyss.
I’ll cushion it with sleep.
You’ll thank me for giving you
four paws to fall on.

Sell me your soul.
There are no other takers.

There is no other devil anymore. 






Wislawa Szymborska




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

vice-versa



Tenho medo de ver-te

necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te

tenho vontade de encontrar-te


preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te

tenho urgência de ouvir-te

alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te

ou seja


resumindo
estou fodido
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.



Mario Benedetti





quinta-feira, 25 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

reparaste como o Outono este ano veio por outro lado, como se fosse pelo lado de dentro?




era preciso mais do que silêncio, 
era preciso pelo menos uma grande gritaria, 
uma crise de nervos, um incêndio, 
portas a bater, correrias. 
mas ficaste calada, 
apetecia-te chorar mas primeiro tinhas que arranjar o cabelo, 
perguntaste-me as horas, eram 3 da tarde, 
já não me lembro de que dia, talvez de um dia 
em que era eu quem morria, 
um dia que começara mal, tinha deixado 
as chaves na fechadura do lado de dentro da porta, 
e agora ali estavas tu, morta (morta como se 
estivesses morta!), olhando-me em silêncio estendida no asfalto, 
e ninguém perguntava nada e ninguém falava alto.

Manuel António Pina in atropelamento e fuga (2001) 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

coisas




Está tudo bem, mãe,
estou só a esvair-me em sangue,
o sangue vai e vem,
tenho muito sangue.

Não tenho é paciência,
nem tempo que baste
(nem espaço, deixaste-me
pouco espaço para tanta existência).

Lembranças a menos
faziam-me bem,
e esquecimento também
e sangue e água a menos.

Que não se perturbe
nem intimide
o teu coração,
estou só a morrer em vão.

Manuel António Pina

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

domingo, 18 de dezembro de 2011