- reggae (no geral...).
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
the anniversary party (2001)
domingo, 19 de outubro de 2008
pierrot le fou (1965)
daqueles que soçobram...
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
talkin' shit about a pretty sunset
casablanca (1942)
paris, texas (1984)
film (insomniacs talking about sleep)
para mim e para a sofia
film inverted picturesque scenes
film on a cargo ship
film without interest
film without a beginning
film a wall being built
film a scene in a private jet
film without thinking
film a large chain being fabricated
film in prohibited areas
film unlikely events
film for five second every ten minutes
film with as little movement as possible
film in a mine deep below the surface
film what things were like last year
film across the surface of a floor in detail
film things that are hard to explain
film circumstances beyond control
film people sucking their fingers
film someone hammering on a door relentlessly
film exhausted forms
film peolpe falling
film wherever it feels good to film
film hovering or floating objects
film sleepwalkers
film things that hum or vibrate
film heartache
film in a forgotten place
film the most haunting thing
film the emptyness
film sedentary/nomadic contrasts
film every surface within a given radius
film quicksand
film artificial paradises
film disused routes
film rocks being thrown
film things tipping over the edge
film strangers
film temporary buildings/structures
film signs
film empty stages in great detail
film using only a torch as lighting
film domestic interactions in the desert
film tunnels being cut through rock
film insomniacs talking about sleep
film gas escaping
film a discussion about the future
film one liquid dispersing into another
film a meeting about the truth
film confiscated weapons
film intimacy
film one thing being moved from place to place
film the time of day
film what there is left over
film the re-surfacing of roads
film things done when alone
film abstinence
film up in the hills
film a grave being dug
film machines making more machines
film extreme effort or conditions
film someone in an unassailable position
film something deeply personal
film melancholic situations
film rain in twenty different countries
film dark corners
film flatness
film people running away
film a bad joke
film prototypes being tested
film a dead end
film with wolves
film passports being inspected
film people accusing others
film traps being laid
film the way out of a complex maze
film people getting dressed
film the evaporation of an idea
film friends meeting enemies
film pointlessness
film lazily and without aim
film when drunk
film people returning after a long absence
film status
ilm windows being broken
film abuse in a tender way
film in a dark, gloomy, suicidal way
film fragility
film chasms
graham gussin
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
o mistério das palavras que um dia quiseram dizer alguma coisa
carta sem destinatário descoberta por ela numa caixa de sapatos esquecida dentro do armário do quarto.
sabes, amor, (e chamo-te amor, sim. não porque o sinta ou te sinta ou isso tenha sequer um valor, mas porque quando digo o teu nome – e disse-o muitas vezes – ele ressoa em mim vago e distante e, por momentos, é como se não o conhecesse, como se fosse o nome de um estranho, de alguém que me foi apresentado por um amigo de um amigo que se cruzou comigo ontem ou anteontem ou antes disso e não deixou nada, que é o que os amigos dos amigos costumam deixar. não me esforcei para que assim fosse. aconteceu. e isso faz-me pena, acredita.) lembrei-me hoje, não sei porquê, de um tio meu.
os meus pais tinham um pequeno T2 na nazaré onde costumávamos passar os fins de semana de bom tempo e esse meu tio costumava ir lá de visita. ele e o meu pai passavam as tardes sentados na sala minúscula a discutir o mundo e o silêncio, e eu, por algum motivo que agora me escapa, sentava-me com eles.
não devia ter mais de sete anos... sim, não podia ter mais de sete anos...
é uma memória quente, amor, (desculpa, já falámos disto) a do meu pai sentado no seu cadeirão gasto, com o cinzeiro de pé ao lado (um africano escanzelado semi-despido a segurar um alguidar acima da cabeça) e a cigarrilha com aquele cheiro enjoativo sempre acesa na mão direita. o meu tio sentava-se no sofá em frente. “senta-te aqui comigo, rapaz” era o que ele dizia, e batia a mão aberta na almofada. eu (porque era obediente, lembro-me agora) sentava-me.
e aqui entra a razão de tudo isto. a razão (só pode ser esta) pela qual este meu tio em que nunca penso me assolou hoje sem que o consiga sacudir.
é que este meu tio tinha o hábito de passar essas horas de conversa a comer rebuçados. e eu, tão perto que estava dele, conseguía ouvi-lo (e ele sabia) a desembrulhá-los dentro do bolso do casaco, conseguía ver (ele sabia que eu conseguía ver) os seus dedos atarefados a esticar o papel plástico por detrás da fazenda e, sobretudo, sentia o hálito frutado da sua boca sempre que ele expirava na minha direcção.
nunca me deu nenhum.
e eu, criança, ficava ali. à espera de ser presenteado com um (bastava um) rebuçado que nunca chegava. dias e dias de “ontem esqueceu-se, hoje é que é”.
foi (acho eu) o meu primeiro encontro com a crueldade.
não sei porque é que me lembrei disto, nem sei até que ponto isto é uma memória fiel do que realmente acontecia. porque (sei agora) nós enchemos os espaços vazios da memória com aquilo que gostávamos de ter guardado. e mesmo as coisas que recordo (cada vez menos) de nós (as tardes em frente ao rio em que eu dormia o que não dormia em casa, as viagens de autocarro nos bancos de trás, os fins de semana em mira, o ajudar as tuas irmãs a fazer os trabalhos de casa, os últimos pisos de prédios quase abandonados, a tristeza sempre presente dos olhos da tua mãe, o pensar em fugir, as noites de descoberta, e o pouco que faz sentido depois disso) estão inundadas de cores que nunca tiveram, de frases que nunca disseste (por eu não saber ouvir e por não saberes como dizê-las), de coisas que nunca chegaram a ser feitas e de sentimentos que só existiam por não os sabermos nomear.
custa muito subtrair tanto. mas tudo isto se subtrai sozinho. sem o mínimo esforço daquele que fica a perder.
de qualquer forma, este meu tio morreu há muito.
eu cresci.
e agora, amor, como os rebuçados que quero.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
press play (isto também é sobre teatro)
"pausa. tirando sai, e outras assim curtas que pedem muito pouco, pausa é a didascália mais vulgar, mais impessoal e mais vazia (cheia de possibilidade, para um actor) da escrita teatral do nosso tempo. às vezes, é um fio de prumo num poço."
in
drama pessoal
(assim como assim, fernando, pausar não é parar. é interromper. ganhar força para continuar. quer dizer... eu, pelo menos, assim o espero... )
sábado, 4 de outubro de 2008
mãe, eu assim não aguento...
soube ontem que
(na era dos magalhães, do hd, da internet portátil, do aquecimento global, das low cost, dos aeroportos milionários, do tgv e dos escudos anti-missíl, na era da europa unida, das o.n.g., do pingo doce online, das galas da ficção nacional, do futebol multi-câmeras, dos meo e dos teo, do prós e contras e da sociedade civil, na era das águas com sabor a limão, melão e coirão, do liofilizado, da gellyjá, dos legumes ao vapor feitos no microondas, do tudo por quase nada, das igualdades, dos presidentes pretos e dos vices gajas, do euro-milhões, do mysapce, do youtube, do hi5 e dos gajos sem colhões, na era da liberalização do aborto, das drogas leves e do casamento entre homossexuais, na era de bruxelas, de haia e dos g8, na era em que a u.e. se confunde com o b.c.e., na era do viver por viver, do comer-beber-dançar-foder, dos telemoveis com canais de televisão, dos transplantes de tudo, do choque tecnológico, das transfusões, fusões, globalizações e privatizações, na era das sondas em marte, do turismo no espaço, das franshises, da ONU, do terrorismo nacional, internacional, global, ambiental, industrial e emocional, na era do já visto, do já feito, do luxo, do lixo e do excesso)
uma senhora de 90 anos foi encontrada em viana do castelo a viver num contentor.
(na era dos magalhães, do hd, da internet portátil, do aquecimento global, das low cost, dos aeroportos milionários, do tgv e dos escudos anti-missíl, na era da europa unida, das o.n.g., do pingo doce online, das galas da ficção nacional, do futebol multi-câmeras, dos meo e dos teo, do prós e contras e da sociedade civil, na era das águas com sabor a limão, melão e coirão, do liofilizado, da gellyjá, dos legumes ao vapor feitos no microondas, do tudo por quase nada, das igualdades, dos presidentes pretos e dos vices gajas, do euro-milhões, do mysapce, do youtube, do hi5 e dos gajos sem colhões, na era da liberalização do aborto, das drogas leves e do casamento entre homossexuais, na era de bruxelas, de haia e dos g8, na era em que a u.e. se confunde com o b.c.e., na era do viver por viver, do comer-beber-dançar-foder, dos telemoveis com canais de televisão, dos transplantes de tudo, do choque tecnológico, das transfusões, fusões, globalizações e privatizações, na era das sondas em marte, do turismo no espaço, das franshises, da ONU, do terrorismo nacional, internacional, global, ambiental, industrial e emocional, na era do já visto, do já feito, do luxo, do lixo e do excesso)
uma senhora de 90 anos foi encontrada em viana do castelo a viver num contentor.
sim, a senhora maria augusta tem 90 anos e viveu 20 anos dentro de um contentor .
porque depois de trabalhar durante 50 anos, a senhora maria augusta reformou-se a receber 15 euros por mês.
quando agora lhe disseram que ia receber uma casa, ela respondeu
«é como se me tivesse saído o totoloto».
sim, foi exactamente isto que ela respondeu
«é como se me tivesse saído o totoloto».
mais nada.
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