terça-feira, 24 de junho de 2008

das pequenas coisas secundárias

dedicado a H.


as catástrofes diárias
a contagem das vítimas
o polícia de bigode
o cão do vizinho
as frieiras das crianças
os actos súbitos
os hálitos
os invólucros meio abertos
as videiras
os figos amarelos e azulados
as vespas
as insígnias da presença
as mãos cheias
a roupa escura da cama
as ruínas das igrejas bizantinas
o fedor
os pedaços de pele
os mitos
a comparação
o direito de estar vivo
o desejo de morrer
as hélices
a ausência
os recantos
o tique-taque malígno
as designações originais
o brilho renovado
o prodígio
a retenção dos momentos
o voltar para casa
o simplesmente voltar para casa
o jardim
o regresso
o cinzento
o abandonar
as pêras grandes
o chão
o êxtase
a duração
o dizer
a morada permanente
os hábitos
a prática
os passos
a mesa de café
o comer
o ócio
o lazer
a aventura
a antipatia
as regras
os serviços
os parágrafos
o parágrafo
o esforço
os jogos
os urinóis
a forma
a vibração
a neve
o impulso
as feridas
a ferida
as palavras
a ladainha
os pardais
a sintonia
os crentes
os dias
o paciente
os fieis
o propósito
a atenção
os cabelos
as pontas dos cabelos
a presença
o afecto
os seres vivos
os grandes vultos
o sobre-humano
a alunagem
as descobertas
os pontos
o comum
a origem
o centro do mundo
o lugar que se ocupa
o insignificante
o não valer a pena falar
o registo
as marcas
a face rígida
os peitos vazios
o imperioso
o exercício
o caro
a extinção
o arrepio
as portas
as portas fechadas
a maçã
a linha de coser
os números
o primeiro
o antes
o termo
os lados
as ancas
a respiração na respiração
a cor vermelha
os loucos
as tuas cicatrizes
o impossível de encontrar
os firmes
o sussurro
a melopeia
o único
a noite
o som
os olhos claros
os dentes
a pele bem esticada dos lábios
o desenho
o macio
o queixo sempre liso
os dedos
o nunca lá estar
os corpos
o fazer doer
a parede do quarto
a luz da lanterna
as sombras
o trato
as pequenas coisas secundárias
o régio
os circunspectos
o cabide
o capuz azul
o "tamanho infantil"
a outra cidade
o casaco de camurça
o avassalar
os escritórios
o elemento
os ruídos
o sinal do regresso
o mergulho
o descendente
as filas de estranhos
a visão
o verbo especial
a culpa
o agravo
a indulgência
os defeitos
os desmandos
os punhos no peito
o triunfo
o lugar certo
a selva da casa
os efeitos
a colher
as toalhas
a cadeira de verga
as caves
os expatriados
os mapas sem nomes
o não saber
os postais ilustrados com nenúfares
o traçado da auto-estrada
os avós
a erva
os restos enferrujados
os dialectos
o custo
o leite
as manchas de bolor
a medula
as foices
a madrugada
a saída
as doenças
a despedida
as fendas
as pernas brancas
o verme
a fronteira
o saber
os recolhidos
a amplitude
o escoar
a espessura
o sentido contrário
as margens
a nuvem
o indício
as praças
a peregrinação laica
o intervalo
as cores dos semáforos
o estremecimento
o asfalto
os vinte anos
os anos vinte
os pés
o erro
a arma
os sulcos
o triângulo de relva
a cor do barro
os subúrbios
os próximos
o cismar habitual
o lugar do falatório
o explícito
as vozes
o chegar
o ranger
os restaurantes fechados
os muros
o desejar por certo
os peregrinos
as romarias
o exuberante
a bagagem
as estações
o roscar uma lâmpada
as pedras
o executar
os tumultos
as idades
o dispêndio
as corridas de resistência
as têmporas
as teias de aranha
o recuar da cadeira
o relance dos olhos
a impressão dos gatos
o espaço descritível
as descrições que se seguem
o desprendimento
a carga impressionante
a graça
os timbres mais adequados
o compasso
os ingredientes
o brando
o antiquíssimo
o que falta
o transitório
as lágrimas
os reunidos
os articulados

a prece.

1 comentário:

violeta13 disse...

se isto tudo é memória feita desenho nos nossos ouvidos, deixá-la memoriar por aí fora...

já está aqui ao lado!

bonne chance, boa viagem, boa alunagem

um abraço assim