quarta-feira, 28 de outubro de 2009

fazer de tudo, tudo.


ele disse:
o direito.

e ela disse:
o meu lado preferido da cama és tu.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

às vezes o tempo certo não é o tempo pré-determinado



aqui é onde vivo e é quasi primavera. vê-se.


antigamente, isto é, antes, as coisas deste lugar, as pedras, as plantas, os sons, tomavam-me como se de passagem.

agora vivo aqui. perceberam que vivo aqui. viver num lugar obriga a acertas atitudes conjugadas com esse lugar. tenho que estar atenta.

há aqui uma velha glicínia que se finje morta.
dos velhos troncos da glicínia espreitam-me uma infinidade de olhos e eu tenho que estar atenta. eu sei que subitamente, julgando-me desprevenida, ela vai estalar. de riso para me perturbar. pela manhã estará cheia de flores abertas, feliz por me ter enganado fingindo-se morta.
porque nunca vivi aqui antes e ela floriu para outros cada ano e eu não sei os seus costumes, nem sei como os outros para quem ela floriu antes aceitavam o seu jogo de florir e se ela se fingiu morta cada ano para eles como este ano se fingiu morta para mim, não sei se deva mostrar-lhe espanto.


é uma velha glicínia...
os velhos (que idade tenho hoje?), os velhos gostam que se mostre espanto pelas coisas que fazem e pelas coisas que fizeram, como se as fizessem ou tivessem feito de uma forma única, pessoal, descoberta por si próprios ao longo do esforço do seu esforço de viver.
é uma velha glicínia. devo, portanto, mostrar-lhe espanto pela sua renovada novidade de florir.

que idade é preciso ter para saber coisas como estas pequenas coisas, tais como perceber o que as criaturas não querem que se perceba abertamente, mas sim de uma maneira adivinhada e não dita?


afinal sou muito mais velha do que a velha glicínia. porque os velhos são sábios. além de pueris.

quando lhe mostrar espanto por vê-la florida serei tão velha como se sua mãe.
mas o gosto de a ver florida far-me-á tão nova como cada uma das suas flores novas.

ontem floriu neste lugar a grande amendoeira. que idade tinha eu ontem (ou no mês passado), quando floriu a grande amendoeira de flores brancas? floriu para mim, suponho. gostei muito. encostei-me ao seu tronco e olhei para cima. ela arredondou-se como uma grande esfera, como uma cúpula de flores brancas e riu-se de gozo.

pensei nas coisas deslumbrantes que me dão. pensei no que me tens dado. depois disso floriu a amendoeira das flores cor de rosa. mas essas, as flores cor de rosa, correram por aqui e por ali por entre as ramadas das oliveiras para me fazer rir, para que eu as procurasse uma a uma por entre as ramadas das oliveiras.
eram flores para os olhos e para o riso, enquanto as outras, as flores brancas da grande amendoeira, eram flores tranquilas para o conjunto de ver, de respirar, de amar as coisas em volta, mesmo as coisas que não tinham que ver com a grande amendoeira e a sua cúpula de flores brancas.


que idade tive nesses dias?
menos talvez do que amanhã ou talvez incrivelmente mais.
que idade terei amanhã?

que idade tenho quando te vejo do meu lado esquerdo?
isso não tem que ver com a idade que terei amanhã. nem com a idade que tive ontem.
mas tem seguramente que ver com a idade que tenho hoje. com a minha idade de todos os dias que são exactamente os dias de hoje.
chamo dias de hoje aos dias que decorrem dentro de uma grande lucidez.
forçosamente, coloquei-te dentro dos dias extremamente lúcidos.
hoje.

olhando-te vejo-te imóvel na tua idade inalterável. vejo o teu lado direito. nunca me será dado ver o teu lado esquerdo. porque, mesmo que abrisses para mim as tuas janelas, eu só poderia ver nelas, olhando-as, o teu rosto.
um rosto é uma peça hermética.
é de difícil acesso, o nosso lado esquerdo.

tu pertences aos dias extremamente lúcidos e agora estou falando apenas nos dias das minhas idades mutáveis e incertas e deste lugar que vivo agora onde me permito sair do tempo às vezes.

e nada me impede de fazer anos amanhã. ou depois de amanhã.

vou festejá-los como é costume, em superfície e no primeiro plano.




in
"árvores de domingo"
de maria keil

(um obrigado à joana)



quarta-feira, 22 de julho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

eu queria ser ninguém



não tens de olhar sem gosto
nem de gostar sem ver.

ninguém é quem queria ser.


terça-feira, 23 de junho de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

doris day could never make me cheer up quite the way those french girls always could



jean seberg: et puisque je suis mechante avec toi c'est la preuve que je ne
suis pas amoureuse de toi.
jean paul belmondo: on dit qu'il n'y a pas d'amour heureux.
jean seberg: si je t'aimais... oh c'est trop complicé...
jean paul belmondo: au contraire, il n'y a pas d'amour malheureux.
jean seberg: je veux que les gens s'occupant pas de moi et puis je suis
independente. peut etre que tu m'aimes?
jean paul belmondo: c'est ce que lu crois, mais tu ne l'ai pas.
jean seberg: c'est pour ca que je t'ai denonce.
jean paul belmondo: je te suis superieur.
jean seberg: maintenant tu es force de partir.
jean paul belmondo: tu es single, c'est lamentable comme raisonnment
.

in
"à bout de souffle"
de jean-luc godard


quinta-feira, 16 de abril de 2009

i say potato



- não deixamos nada por fazer.
- ainda nos falta fazer tudo.
- you say potato...


sábado, 4 de abril de 2009

as histórias quando se percebem é porque foram mal contadas

o mendigo: sou louco.
baal: saúde. já nos conhecemos. eu sou saudável.
o mendigo: eu conheci um homem que também dizia que era saudável. dizia. tinha vindo de uma floresta e uma vez voltou lá porque precisava de reflectir um pouco. achou a floresta completamente estranha e sentiu-se como se não tivesse vindo de lá. andou muitos dias, muitos dias sempre solitário porque queria ver até que ponto seria capaz de aguentar. mas já não era muito.
baal: que vento!
o mendigo: sim, o vento. numa noite, quase ao amanhecer, quando ele já não se sentia tão sozinho, foi andando através do enorme silêncio pelas árvores, e foi-se pôr debaixo de uma delas, que era muito grande.
bolleboll: foi o macaco que havia dentro dele.
o mendigo: sim, talvez o macaco. encostou-se a ela, muito junto, sentiu a vida em si, ou julgou senti-la, e disse: tu és mais alta do que eu e estás bem presa e conheces a terra bem até ao fundo e ela segura-te. eu posso correr e mexo-me melhor, mas não estou preso a nada e não posso descer até ao fundo. nada me segura.
gougou: o que disse a árvore?
o mendigo: o vento soprava. pela árvore correu uma tremura que o homem sentiu. então atirou-se para o chão, abraçou as raízes duras e selvagens e chorou amargamente. mas fez isto com muitas árvores.
ekart: e curou-se?
o mendigo: não. mas morreu mais aliviado.
maja: não percebo isso.
o mendigo: não percebemos nada. mas sentimos muitas coisas.


in baal
de bertolt brecht

terça-feira, 31 de março de 2009

estática #7

– Pouco me importa.
– Pouco te importa o quê?
– Não sei. Pouco me importa.

thank god is fatal


although pratfalls can be fun, encores can be fatal.


aqui


quinta-feira, 26 de março de 2009

o amor dá-me tesão (tu és muito mais do que aquilo que eu te empresto)


ele falava muito pouco. ela queixava-se muito que ele falava muito pouco. ele escrevia muito e mesmo assim achava que havia coisas extraordinárias para as quais as palavras não chegavam. ela gostava de palavras. não obrigatoriamente de as ler, mas de saber que elas estavam lá à espera de ser lidas. por si e pelos outros. por si. sobretudo por si. como se fossem suas por direito. nessa noite ele acordou porque o calor o fez acordar, não por ter algo para dizer. tinha isso muito claro para si. e como não a queria acordar também, escreveu.

deixou este recado em cima da mesa da cozinha (entalado entre a mesa e um copo de vidro escuro por onde ela bebia sempre antes de ir para a cama) e saiu de casa sem fazer barulho:


quero repetir-te mil vezes o que já sabes
que te quero
que te amo com o corpo todo
quero dizer-te
que tu és mais do que aquilo que eu te empresto (e eu nunca soube o que isso é).
quero dizer-te
que gosto muito de discordar de ti
quero dizer-te
que o que vale a pena nasce da tua boca.
quero beijar-te até a língua ficar cansada (a minha e a tua)
quero beijar-te depois da língua se cansar
quero morder-te o lábio com força e vê-lo sangrar (de tão real que és...)
quero que saibas
tu és muito mais do que aquilo que eu te empresto (e quão fantástico é isso?)
és o meu almoço
és os nossos banhos
és os teus medos e os meus
és a minha desculpa para deixar de sentir culpa
quero dizer-te
que gosto do teu corpo e do teu cheiro
gosto daquilo a que sabes
que faço de olhos abertos aquilo que podia fazer de olhos fechados
quero dizer-te que estar contigo é bom
é muito bom (onde estão os adjectivos?)
é um filme de domingo à tarde e pornografia barata
é aquelas merdas todas que me disseram que era suposto ser e mais qualquer coisa que não sei (não sei, não. não quero, não me apetece) identificar
quero dizer-te
tu és a resposta esfregada na cara dos filhos da puta que me disseram que a vida não podia ser cinema.
(e eu que quase acreditei nesses cabrões...)
quero que saibas
que contigo, supero-me
venço-me e derroto-me todos os dias (e não há nada de luta nisto)
quero dizer-te
que quero fazer as vezes de todos os que vieram antes e dos que hão de vir depois
quero ser o que vem depois de mim
quero fazer-me essa gente toda.
quero dizer-te
eu não te empresto nada. tu és. o que te ofereço é porque quero.
eu não te empresto nada.
tu já eras o mundo inteiro antes de mim.
foda-se,
foda-se,
é mesmo verdade.
de tudo aquilo que descobri de mim, tudo aquilo que descobri que sou, que quero, que está errado no que sinto como certo,
descobri que
não preciso de estar triste, carente, de estar no limbo, alterado, cheio de químicos, de fazer-me outro, de discussão, de música aos berros, de subterfúgios manhosos, não preciso dessa tensão...
porque na verdade...




o amor dá-me tesão.




quarta-feira, 25 de março de 2009

porque a beleza também se oferece...


(para a joana, a marta, a noa, o sombra e o billy)

domingo, 22 de março de 2009

estática #6

– ...e em casa tenho 2 pratos, 2 copos, 2 facas, 2 garfos e 2 colheres.
– Sim.
– O segredo é ter sempre 2 de tudo para nunca sentir falta de nada.

sexta-feira, 20 de março de 2009

eram sobretudo pinheiros bravos. dos pequenos.


“que tempos são estes, em que
uma conversa sobre árvores é quase um crime
porque traz em si um silêncio sobre tanta monstruosidade?”

bertolt brecht






é hoje.

terça-feira, 17 de março de 2009

estática #5

– e tu?
– a vida agora corre sem perigos. sozinhos achámo-nos mais capazes. e estar triste… estar triste sem testemunhas não serve para nada.
– mas e tu?
– hoje sim, estou contente. amanhã logo vejo.
– sim, e tu?
– se quisermos ser justos é ainda mais difícil porque não somos.
– não. e tu?
– podemos ser mais que suficientes para várias pessoas, mas nunca chegamos para uma só. nunca.
– mas e tu?
– é imperativo mudar de supermercado.
– e tu?
– mas isso não importa, pois não? o que importa é o que há-de vir e essas coisas todas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

estática #4

- Ouve, ouve, hoje descobri uma coisa.
– O quê?
– Quando não olhas para as pessoas, elas deixam de existir.

sábado, 7 de março de 2009

estática #3

– Mas e depois?
– Depois nada.
– Como assim, nada?
– Ele precisava de dizer coisas. E ela de esquecer o que ele dizia.

sexta-feira, 6 de março de 2009

cinco dificuldades para escrever a verdade IV

"(...) so many questions about the human condition, and they always dissolve to a single one: who am I?

and the answer to that question is: 'I am'.

when we are born we are given a name by which other people recognize us.
we are given a birth date to go along with the name, and we are told our gender.
then we are told the names of things and people surrounding us, subsequently we are told about the world, what is good and what is bad, what we are allowed to do and what not.
at some point, we will learn how to walk and explore the world on our own.
we will attain habits and learn to talk.
subsequently we will be told which religion we belong to, or if we have one.
and then at some other point, we will hear that we are going to die one day.
we are born and we die.
we will be told about god, about others who are different from us, which country we come from and what our people are called.
later we will be told other things too, more personal, more intimate things.
we will of course experience sensations and create ideas about what we are like, what the world is like.
we will start thinking, remembering, identifying ourselves with our ideas, our mind.
in short, we will become a person.
at this stage we already identify with the 'I-am-my-body' idea and this is where the suffering starts.
we take what we believe to know to be the true, to be an indisputable fact.
we believe things on hearsay and identify with them, we read about the world in books and newspapers, watch it on tv, we even believe to find proofs of our ideas in what surrounds us, we fantasize.

but where is this 'I' that I seem to know so well in the waking state, when I am sleeping?
where is this 'I' when I am dreaming?
and where is this ‘I’ when I’m in dreamless sleep? (...)"


jessie emkic


cinco dificuldades para escrever a verdade III

“what are you reading?” asks a man’s voice.
“arseny tarkovsky’s poems,” answers a woman in Italian.
“in russian?”
“no, it’s a translation... quite a good one.”
“throw it away,” the man says.
“why? the translator’s a very good poet,” she responds.
“poetry is untranslatable,” he continues, “like all art.”
“you may be right that poetry is untranslatable," she says, "but what about music? music’s for example...”
he interrupts her speech and begins to sing a tune in russian.
she smiles cynically: "what do you mean by that, what do you want to say?”
“it’s a russian song,” he replies.
“but how could we have got to know tolstoy, pushkin (without translation) and so understand russia?”
“none of you understand russia,” the man exhales.
“nor you italy then," she says, "if dante, petrarch and machiavelli don’t help."
"it's impossible for us poor devils," he utters.
"how can we get to know each other?" she asks him.
"by destroying frontiers."


in "nostalgia"
de andrei tarkovsky




quinta-feira, 5 de março de 2009

estática #2 (ela)

- não devia, não devia ter-te deixado entrar assim na minha vida. mas deixei. quando me telefonaste da primeira vez eu disse-te que sim como podia ter dito que não.
o tédio tem dessas coisas...
como tu já conheci muitos. tinhas um brilho qualquer, estavas cheio de ti, bebias demais... (isso eu só percebi depois....)
quando aquele primeiro jantar acabou, juro-te que senti alívio. e achei ridícula a tua insistência, mas deixei-te vir. estava um calor insuportável. eu chorava. não, não, eu queria chorar. mas tu não quiseste saber porquê. agarraste-me nos braços. não era em ti que eu pensava quando me distraía...
sim, os primeiros tempos foram bons. tudo tinha uma importância irreal. tu dizias muitas vezes que o nosso encontro tinha de ser breve para se manter belo. e tinhas razão.
começaste a ir e a voltar dois dias depois. depois três. depois mais. e eu, sem saber, agradecia. a vontade de estar foi diminuindo. quando não sabia o que dizer, e eram muitas as vezes, inventava. e quando a novidade deixou de o ser, o que sobrou era muito pouco. quase nada.
eu adio tudo tanto quanto posso. arrumar a casa, lavar a roupa, o trabalho, ir buscar aquele livro que tenho encomendado há semanas,… mas adiar a vida… e eu sei que estou a adiá-la. eu sei disso. (não sei não sei não sei nada) conheço cada vez mais gente. (eu acho que não conheço ninguém) e não sei o que faço, nem porque o ando a fazer, nem onde estou. (o que é que eu estou a fazer aqui?) mas continuo. quero andar para a frente. (eu tenho de parar) há coisas que se fazem que se desfazem. outras que não. amanhã volta tudo ao mesmo (fugir a tudo para trazer tudo de volta). tu ainda estás a dormir. eu vou deixar.
espero que oiças isto.

estática #2 (ele)

- não devia ter-te deixado entrar assim na minha vida. mas deixei. quando me telefonaste, daquela vez, disse-te que sim como podia ter dito que não.
o desejo tem dessas coisas...
como tu já conheci muitas. estavas cheia de vida, de vontades, fumavas imenso...
quando aquele primeiro jantar acabou, juro-te que o que senti foi um alívio inexplicável. achei um bocado patética a tua insistência mas deixei-te vir. chovia imenso. eu estava tão cansado... tu nem me deixaste tirar o casaco. agarraste-me nos braços. não era o teu nome que eu sussurrava entredentes...
sim, os primeiros tempos foram bons. tu estavas sempre a dizer que o nosso encontro tinha que ser breve para se manter belo. e tinhas razão.
começaste a ir e a voltar dois dias depois. depois três. depois mais. (menos telefonemas) eu agradecia. porque a vontade foi diminuindo. e eu não sabia o que te dizer a maior parte do tempo... e quando a novidade deixou de o ser, o que sobrou era muito pouco. quase nada.
eu adio tudo. arrumar a casa, lavar a roupa, devolver chamadas que considero importantes… mas sobretudo adio a vida. (a vida é uma coisa que não se deseja a ninguém) sim, sim, eu sei disso. (não sei não sei não sei nada) conheço cada vez mais gente. não sei o que faço, nem porque o faço. mas continuo. quero andar para a frente. (tenho de parar) há coisas que se dizem que se desdizem. outras que não. amanhã volta tudo ao mesmo. (fugir ao tédio para trazer o tédio de volta) tu ainda dormes. eu vou deixar.
espero que oiças isto. desculpa.

terça-feira, 3 de março de 2009

estática #1

– quando ela era nova, ela não se sentia bem com o seu corpo. quer dizer, ninguém lhe dizia que ela era bonita. e ela entrou na puberdade muito cedo.
– sim, eu lembro-me.
– depois encontrei-a uns anos mais tarde numa loja de roupa, daquelas caras, e ela disse-me que costumava ir para essas lojas e vestir as roupas mais caras para que as funcionárias lhe dissessem o quão bonita ela ficava com essas roupas. é óbvio que elas diziam que ela ficava linda porque elas querem vender. ela sabia disso.
– elas ganham comissões com essas vendas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

naked (1993)

realização:
mike leigh
argumento:
mike leigh
fotografia:
dick pope
montagem:
jon gregory
música:
andrew dickson
com:
david thewlis
lesley sharp
katrin cartlidge
greg cruttwell
claire skinner
peter wight
ewen bremner
susan vidler

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

hotel chevalier



- have you slept with anyone?
- no. have you?
(pause)
- no.
- that was a long pause.
(silence)
i guess it doesn’t really matter.
- no it doesn’t.

[...]

- if we fuck, i’m gonna feel like shit tomorrow.

- that’s okay with me.


in
hotel chevalier
de wes anderson

sorry, but i'm in the wrong joke

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

the acceptance of absolute negation


- what's the worst thing you can imagine?
- chickens. small boys with chickens.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

de volta a setembro

porque isto não estava aqui.
e agora já está.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

cinco dificuldades para escrever a verdade II

1ª. ânsia.

2ª. desassossego.

3ª. apetite ( e é sobretudo sobre apetite que falo. uma espécie de concupiscência...).

4ª. prostração.

cinco dificuldades para escrever a verdade





"a necessidade de interrogar todas as coisas sobre o seu carácter transitório e variável.
(...) pois cada coisa depende de uma infinidade de outras que estão sempre a mudar: esta verdade é perigosa (...).
(...) por isso falam muito do destino.
mas é possível recusar os lugares comuns sobre o destino e demonstrar que é o homem que faz o seu destino."

bertolt brecht


domingo, 15 de fevereiro de 2009

sair

sinto que comecei no ponto em que acabaste.
(é tão injusta esta frase...)





















e agora já não há horas a mais dentro dos meus dias.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

entrar (esta orquídea viajou mil setecentos e quinze kilómetros)



acordar cedo. acordar tarde.
comprar o jornal. não ler o jornal.
os teus bilhetes espalhados pela casa.
ouvir-te dizê-lo. ver-te fazê-lo.

os meus dias têm horas a menos para tudo o que quero fazer contigo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

a zed & two noughts (1985)


realização:
peter greenaway
argumento:
peter greenaway
fotografia:
sacha vierny
montagem:
john wilson
música:
michael nyman
com:
andréa ferréol
brian deacon
eric deacon
frances barber
joss ackland
jim davidson
agnès brulet
wolf kahler
e a voz de david attenborough

domingo, 8 de fevereiro de 2009

next time...


girl, if i sound like a wrecking ball, maybe it's because i am one.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

pequenas coisas que enervam muito #7

  • estar no segundo errado de uma história com dois segundos

sábado, 31 de janeiro de 2009

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

o desejo é construtivismo

barcelona 08



"se fores apanhado nos sonhos dos outros, estás feito."

Gilles Deleuze


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

der himmel über berlin (1985)



realização:
wim wenders
argumento:
peter handke
richard reitinger
wim wenders
fotografia:
henri halekan
montagem:
peter przygodda
música:
jurgen knieper
com:
bruno ganz
solveig dommartin
otto sander
curt bois
peter falk
e
nick cave

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"she tied you to her kitchen chair. she broke your throne and she cut your hair."


and then he said:
well baby I've been here before...
i've seen this room and i've walked this floor.
i used to live alone before I knew ya...


domingo, 18 de janeiro de 2009

tecnicalidades: sobre os sons

bem...
para os menos avisados, aí ao lado,
nas etiquetas ,
há um sítio que diz "quero ver só".
no "quero ver só"
há um sítio que diz "os sons".
n' "os sons", normalmente por baixo de fotos, ou textos,
links.
esses links dão acesso a músicas.

músicas colocadas por mim, de autores que gosto, que descubro, que não me largam, que acho que têm a ver com um determinado momento, mas, sobretudo, que quero partilhar.


aproveitem já esta oportunidade fantástica para fazer uma colectânea de interesse duvidoso (e com o gosto absolutamente pessoal de um completo estranho) para oferecer aos vossos amigos.

inteiramente grátis!

aposto que estão a pensar:
"que pena o natal já ter passado..."

pois é, pois é... mas mais natais virão.
("mas mais natais" soa estranho...)


atentamente,
a gerência





este
post irá desaparecer dentro de 7 dias

sábado, 17 de janeiro de 2009

é do dylan thomas. é do bob dylan.





meu deus, que feliz que eu sou por não ser eu.






quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

vamos mas é ter calma...

sim, ok, eu estou a perceber. tu disseste-lhe. porque tinhas de o dizer, claro...
mas e ela? disse o quê?

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ela disse: tu és como uma quarta-feira.




e logo a seguir:
quando estou contigo, não sinto a falta de nada.

(ela tinha passado pelo suficiente para poder dizer estas coisas assim, com esta propriedade de quem sabe)








e ele disse:
"eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu

e sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e
de alguma maneira
de alguma maneira
de alguma maneira transmitir algum do
esmagador,
irresistível,
abrangente,
preenchedor,
desafiante
e contínuo amor que tenho
por ti."


in
"falta"
de sarah kane

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

repulsion (1965)


realização:
roman polanski
argumento:
roman polanski
gérard brach
david stone
fotografia:
gilbert taylor
montagem:
alastair mcintyre
música:
chico hamilton
gábor szabó
com:
catherine deneuve
ian hendry
john fraser
yvonne furneaux
patrick wymark
renee houston
valerie taylor
james villiers
helen fraser